Por
Valerio Oddis Jr:
Nasci
em São Paulo. Sou filho de pai italiano e mãe descendente de
húngaros, separados desde a minha infância.
Também
fui aluno da Escola Italiana Eugenio Montale, mas nunca conseguia
prestar atenção na aula. Brincava com os colegas e especialmente
fazia as pessoas rirem. Com todos sempre muito rígidos, minha
imaginação ia além dos horizontes; qualquer coisa era motivo de
graça. Uma de minhas principais invenções era encher a mão com
chumaços de pêlos das roupas, soprá-los pelo ar e fazer com que
caíssem nas cabeças das pessoas ou ao lado delas sem que
percebessem. Não perdoei nem a diretora!
Pintar
nas borrachas rostos e feições estranhas, deixá-las na frente da
carteira para que o professor também as visse, colocar ímãs dentro
de um bolinho, desenhar nele um rosto sorrindo e fazê-lo rodar na
mesa...O pior de tudo é que nos sentávamos bem na frente do
professor.
Enfim,
quando repeti o primeiro ano do Liceo por notas baixas, mesmo
indo a uma professora particular, que sempre me ajudou muito e teve
paciência, decidi mudar de escola e fui para outra, onde não
imaginava encontrar tanta bagunça. Porém uma bagunça insana e
muitas vezes até perigosa. A escola ficava cercada de câmeras e
mesmo assim nada funcionava.
Bom,
terminado o inferno na terra, foi com grande entusiasmo que resolvi
prestar exame para a aeronáutica. Uma prova feita para mais de
duzentas mil pessoas e que me levaria a Agulhas Negras. Sempre gostei
de pilotagem e principalmente de voar...Enfim, nada feito. A bendita
matemática e seus cálculos não me ajudaram muito.
Mais
tarde, enquanto trabalhava junto a meu pai, em sua fábrica de
automação em São Bernardo do Campo, ele preferia que eu estudasse
próximo do serviço. Foi quando entrei no curso de psicologia da
Universidade Metodista de São Paulo. Um curso que eu imaginava que
iria expandir meus horizontes por meio da ciência da psique humana e
me tornar um dia um psicólogo; coisa que meu pai sempre detestou. De
qualquer forma, não quis continuar, pois percebi que minha vocação
dizia respeito às artes.
Não tinha paciência para ficar
compenetrado em um assunto que não permitisse minha liberdade
interior de criar ou imaginar. Nunca fui afeito a números, leis ou
regras, embora goste de física. Não, não entrei em uma faculdade
de física, mas na época prestei outro processo seletivo para a área
de humanas. Minha primeira opção foi Audiovisual, então um curso
novo na Metodista e de poucas vagas; a segunda opção era
Publicidade e Propaganda.
Entrei
em Propaganda e até gostei do curso, pois agregava psicologia e
arte, porém o mundo do business
e do mercado acelerado desgasta um pouco as pessoas e isso com o
passar do tempo foi me cansando, pois precisava criar mensagens com o
intuito de vender o produto e atingir a mente do consumidor. Nada
mais do que uma forma de hipnotismo coletivo e muitas vezes através
do emprego de mensagens subliminares, hoje proibidas pela
autorregulamentação do CONAR (conselho nacional de
autorregulamentação publicitária).
O
mundo anda corroído pela poluição visual e pelo estresse.
Propagandas de tudo o que é tipo de coisa!
Do
modo como está, o barco fica a cada instante mais carregado e um dia
a nossa rota não será mais em terra firme e sim rumo às
profundezas.
Ainda
quero fazer Audiovisual ou uma pós. Mas hoje percebo que a minha
verdadeira profissão começou aos catorze anos de idade, enquanto
rabiscava em papéis esboços do que seriam ideias de aventuras de
RPG e histórias engraçadas, com personagens cômicos ou surreais.
Gostava muito de escutar música e de imaginar a partir delas algo
além do tangível deste mundo, ainda que sempre fazendo uma relação
com ele.
Na
época tive a ideia de enviar uma proposta para uma grande produtora
de games, mas com o passar do tempo os conceitos foram amadurecendo e
a história ganhou proporções maiores.
Nós
somos o que fazemos e, no entanto, demoramos a enxergar isso.
Só
os cegos viram o maior triunfo do mundo e do ser humano: o amor pela
vida. Agradeço pela paciência e pela atenção, sejam elas como
forem, de todos os que me ajudaram e me ajudam. Agora realmente me
sinto realizado ao concluir, junto com um verdadeiro amigo, esta obra
entre outras que virão.
Dedico
este livro à humanidade, desejando um novo horizonte, e deixo meus
abraços àqueles que amo e que me apoiaram.
Vocês
são a minha família, pois são quem amo e pelos quais me sinto
amado.
Por
Marcello Salvaggio:
Começamos a
elaborar as primeiras ideias desta obra quando, ainda sem colocar
nada no papel, tínhamos entre treze e catorze anos. O primeiro
esboço, com alguns desenhos, foi para criar um jogo de RPG, porém
aos poucos, com o hábito que tínhamos de criar histórias
(basicamente fantásticas e de terror) ao telefone (!), a trama do
jogo
foi tomando proporções que transcenderam em muito a distração
inicial.
Passou-se
algum tempo e um colega nosso nos perguntou por que não escrevíamos
um livro, já que tínhamos tantas ideias e disposição de sobra. E
foi assim que os cadernos começaram a receber as primeiras
canetadas, já com um esqueleto da história pronto, mas ainda sem um
desenvolvimento, com anotações dispersas reunidas em alguns
encontros e principalmente durante as conversas telefônicas
(revezávamos quem ligava para quem, mas, mesmo assim, haja conta
para os nossos pais!).
Na concepção
da obra, os três Guardiões, ligados à Sabedoria, ao Poder e à
Prosperidade (partes da Trissência,
a Divindade una e trina que rege o universo desta série),
representam um conceito místico, pois são ao mesmo tempo humanos e
divinos, e três formas distintas de realização do ser humano.
Aliás, a
propósito de realização, não teria conseguido concluir esta obra
sem o apoio dos seguintes familiares: minha mãe, meus falecidos pai
e avó, meus tios Teresa, Aldo, Elio e Maria. Sem me esquecer dos
amigos que de uma forma ou de outra contribuíram de maneira mais
próxima em minha trajetória de vida e consequentemente com a
elaboração desta obra: Regina de Luca, Anna Maria das Neves,
Valéria Bittencourt, José Oswaldo Santana Júnior, Dolores Mehnert,
Giulianna Seabra, Lilian Alexandra Jóia, Cibele Brumatti, Enrico
Ferri, que foi quem deu a sugestão do livro ainda em nossa
adolescência, e, como é óbvio, meu companheiro de empreitada,
Valerio Oddis Jr. Deixo a todos os meus sinceros agradecimentos.
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